Sair da unidade de cuidados intensivos é uma boa notícia! É a superação de uma etapa e o início de outra. Essa nova etapa, entretanto, pode consistir em um momento angustiante tanto para os pacientes quanto para suas famílias, que ao sair a UTI deixaram para trás os pontos de referência duramente adquiridos e uma equipe com a qual viveram momentos marcantes…
Depoimento do Dr. Arifoglio:
Deixando a unidade de cuidados intensivos e o estresse da mudança
Depoimento de StéphaneReabilitação após parada cardíaca
Dependendo da patologia que levou o paciente aos cuidados intensivos, a alta pode ser realizada através de um serviço especializado: cardiologia, pneumologia, neurologia, entre outros. De acordo com as necessidades do paciente, o nível de vigilância pode diminuir progressivamente, com uma transição dos cuidados intensivos para os cuidados intermédiários (ou semi-intensivos) antes de chegar a um serviço de internação convencional (quarto ou enfermaria).Esta passagem por um serviço especializado pode auxiliar na transição para um acompanhamento em regime ambulatórial. É uma oportunidade para realizar uma avaliação completa da condição do órgão afetado, alterar tratamentos administrados por via intravenosa para tratamentos orais, e, assim, ir progressivamente “desinvadindo” o paciente. Além disso, é o momento de preparar o seguimento a médio prazo.
Este é o local ideal para discutir com o médico especialista os tratamentos e o acompanhamento a longo prazo das possíveis sequelas no órgão afetado. Não hesite em expressar e esclarecer todas as suas dúvidas.
O Hospital ou Clínica de Transição é uma instituição de saúde que oferece cuidados interdisciplinares para pacientes que precisam de reabilitação após uma doença (ou lesão) grave. Esses estabelecimentos são especializados em reabilitação e readaptação. É muito comum passar algumas semanas, ou até mesmo meses, em reabilitação após estadias prolongadas em cuidados intensivos. Esta etapa é fundamental para recuperar gradualmente a autonomia e, finalmente, regressar ao lar.O foco está verdadeiramente na recuperação do paciente. Longe de ser um período de descanso, a estadia é marcada por sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, terapia ocupacional e outras especialidades de reabilitação, com o objetivo de recuperar o mais rapidamente possível uma vida o mais normal possível.
Depoimento de Julien
La tomada de consciência
O regresso ao lar pode ser uma fase tão frustrante quanto satisfatória. À alegria de voltar ao ambiente familiar e à paz e tranquilidade da sua própria casa, pode juntar-se a uma certa ansiedade por não estar tão vigiado (a) como no hospital, por receber menos ajuda e por enfrentar de forma mais evidente algumas limitações na sua autonomia. Será importante munir-se de paciência e tratar-se com gentileza. A sua missão nesta fase será estabelecer pequenos objetivos: dar mais alguns passos todos os dias, sair um pouco e descansar o suficiente para alcançar essas metas.
O regreso para casa
Não seja muito exigente consigo mesmo. Avalie e respeite seus limites, sendo prudente. Após uma passagem por cuidados intensivos, pode levar meses até recuperar completamente as suas capacidades, voltar a ser plenamente autônomo e retomar a vida que tinha antes. O seu corpo precisará de tempo para se recuperar e superar as dificuldades pelas quais passou. Esse tempo será mais fácil de aceitar se a dimensão daquilo que enfrentou for compreendida. Caso sinta necessidade, fale com os seus familiares sobre a sua hospitalização nos cuidados intensivos. Visite o serviço novamente e converse com os profissionais de saúde que cuidaram de si. Eles terão prazer em ver a sua evolução e ajudá-lo a se apropriar de sua história. Estes encontros ajudarão a perceber o caminho que já percorreu e a aproximar-se cada vez mais da sua nova vida e autonomia.
Em alguns casos, certos serviços de cuidados intensivos oferecem consultas de seguimento pós-alta da terapia intensiva. Essas consultas costumam ser realizadas em intervalos regulares nos meses que se seguem à alta hospitalar.
Elas têm como objetivo criar uma ponte entre o período de internação nos cuidados intensivos e o período de recuperação posterior. Podem incluir avaliações globais ou mais específicas, realizadas por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos, dependendo da organização do serviço. É o momento ideal para esclarecer todas as suas dúvidas sobre a estadia no hospital, partilhar a sua experiência durante os cuidados intensivos, visitar novamente a unidade de cuidados intensivos ou reencontrar os profissionais de saúde que cuidaram de você. Para os profissionais, estas consultas são valiosas, pois permitem compreender melhor a experiência dos pacientes e os desafios que enfrentam após a alta, contribuindo para a melhoria dos cuidados prestados.
Não hesite em abordar todos os temas que desejar, incluindo: “pequenos” sintomas que nem sempre são abordados ou facilmente identificados pelas equipes, mas que podem ser incômodos, limitantes ou desconfortáveis se não forem tratados; questões relacionadas com a vida social: o seu estado emocional, quaisquer desequilíbrios na vida familiar, qualquer assistência de que possa precisar, quaisquer dúvidas que possa ter sobre o retorno ao trabalho, ou mesmo sobre a readaptação ao seu corpo (atividade física, esportiva, etc.).
Quanto mais completos e ricos forem os seus relatos, melhores serão os cuidados prestados tanto nos cuidados intensivos quanto na fase de recuperação. Não se iniba!!
Após a alta dos cuidados intensivos, caso o seu estado de saúde exija, é possível que tenha consultas médicas muito frequentes. Com o tempo, elas se tornarão mais espaçadas. Durante essas consultas será feita uma avaliação dos seus progressos e discutidos quaisquer problemas que esteja enfrentando.Permita-se levantar quaisquer dúvidas que possa ter e, em particular, discutir quaisquer sintomas que possa estar sentindo. A equipe também poderá fornecer-lhe os contatos de profissionais especializados no acompanhamento de pacientes que estuveram em cuidados intensivos, como fisioterapeutas, psicólogos, psiquiatras, etc.).O seu médico de família será um aliado valioso neste processo de recuperação.
O regresso ao trabalho após uma longa hospitalização em cuidados intensivos raramente acontece de imediato. Dependendo das causas da hospitalização, das sequelas potenciais e da natureza do trabalho, pode ser necessário uma período de transição e adaptação. É importante ouvir as suas necessidades, respeitar os seus limites e tirar o tempo necessário para a recuperação. Apressar-se pode ser contraproducente. Não hesite em conversar com o seu médico e caso seja necessário, marque consultas com profissionais de apoio social. Em grandes empresas, é possível que um diálogo com o departamento de recursos humanos ajude a encontrar uma adaptação temporária para facilitar o regresso à vida ativa.
Em alguns casos, o tempo passado em cuidados intensivos pode representar uma mudança significativa. Isso pode alterar as prioridades das pessoas, gerando o anseio de evoluir rapidamente. Escute-se, mas tire o tempo necessário para refletir e procurar apoio no novo projeto. Não superestime as suas forças e cuide de si.
Depoimento de StéphaneO regresso ao trabalho após uma parada cardíaca
Depoimento de AlexandreO regresso ao trabalho um ano após internamento em cuidados intensivos